Letramento científico: Por que é importante para a educação?
Desenvolver um pensamento científico, crítico e criativo se torna essencial para resolver problemas complexos no século XXI.

Embora a circulação de informações sobre o coronavírus — e consequentemente sobre termos científicos — tenha aumentado ao longo dos últimos anos, isso não necessariamente se traduziu em uma leitura crítica do contexto pandêmico.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a desinformação é um dos principais meios de agravar a crise sanitária. Isso acontece porque o excesso de informações pode dificultar a identificação de fontes confiáveis.
Sendo assim, desenvolver um pensamento científico, crítico e criativo se torna essencial para resolver os problemas complexos do século XXI. Segundo levantamento encomendado ao IBOPE pelo jornal O Globo, 58% dos brasileiros acreditam que a Ciência será mais valorizada após a pandemia.
Contudo, o estudo também reforça a importância do letramento científico para que essa valorização resulte em soluções efetivas. Logo, a educação ocupa papel central no desenvolvimento destas competências nos futuros cidadãos brasileiros.
Mas, afinal, o que é letramento científico?
O conceito de letramento científico surgiu no final da década de 1950. Nesse meio tempo, foi utilizado para se referir às aplicações práticas da Ciência na sociedade.
Em outras palavras, o letramento científico envolve a habilidade de aplicar os conhecimentos sobre termos e procedimentos científicos dentro de um contexto socioeconômico e cultural.
Nesse sentido, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) passou a utilizar o conceito como critério de avaliação para medir o desenvolvimento de competências educacionais no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes).
“Por isso, toda aprendizagem científica tem sentido fundamental para a compreensão do mundo e de si mesmo. Só assim conseguimos instrumentalizar nossos alunos para que se tornem cidadãos mais autônomos, atuantes, que sabem compreender e participar das transformações”, resumiu a educadora Cecília Condeixa, em entrevista ao Instituto Singularidades.
5 habilidades de um cidadão cientificamente letrado:
- Apreciar e compreender o impacto da ciência e da tecnologia na vida cotidiana.
- Tomar decisões pessoais com base nos procedimentos que envolvem a ciência, como a saúde, a alimentação e o uso de recursos energéticos.
- Compreender os pontos essenciais de relatos da mídia sobre as questões que envolvem a ciência.
- Refletir criticamente sobre as informações incluídas ou omitidas em tais relatos.
- Participar de forma confiante de discussões com outras pessoas sobre as questões que envolvem a ciência.
Fonte: Fundação Nuffield, via Indicador de Letramento Científico (ILC).
Entendendo o contexto brasileiro
No Brasil, o último levantamento realizado sobre os indicadores de letramento científico revelou um cenário preocupante. Apenas 5% dos entrevistados — na faixa etária entre os 15 e 40 anos — foram capazes de identificar conceitos científicos em situações cotidianas.
Os dados foram coletados em 2014 pelo Instituto Abramundo em parceria com o IBOPE Inteligência e Ação Educativa. A ideia do estudo era avaliar a habilidade da população para interpretar bulas de remédio, estimar o consumo de energia, ler rótulos nutricionais, entre outras atividades.
Embora os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) já reforçassem a importância de desenvolver essa competência desde a educação básica, o letramento científico só passou a ser mencionado no currículo escolar a partir da aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2017.
A partir de então, o pensamento científico, crítico e criativo passou a ser uma competência básica. De acordo com as diretrizes, o objetivo é desenvolver o raciocínio através do questionamento, da análise e da busca por soluções inovadoras.
O que consumo consciente de energia tem a ver com educação?
Como formar estudantes cientificamente letrados?
Na prática, formar estudantes cientificamente letrados também significa dar autonomia para que eles possam expressar seus questionamentos. Afinal, formular boas perguntas é tão importante quanto saber a resposta certa.
Dessa forma, o letramento científico não fica restrito às Ciências da Natureza e Linguagens. Todas as áreas do conhecimento se beneficiam de um estudante que saiba analisar uma situação de maneira crítica e criativa.
Sob o mesmo ponto de vista, trabalhar o que vem por trás dos conhecimentos científicos é tão interessante quanto as próprias descobertas. Por exemplo, uma sugestão é propor aos estudantes que assumam o papel de cientistas por um dia.
Como resultado, os educadores passam a ser mediadores do conhecimento apresentado. Ao mesmo tempo, os jovens estabelecem conexões com o mundo real e se preparam para investigar, questionar e aprender ao longo de toda a vida.
Letramento científico na prática
O CPFL nas Escolas – Energia em Jogo é uma ação educativa que parte do letramento científico para difundir uma cultura de eficiência energética e desenvolvimento sustentável.
Realizada nas escolas do estado de São Paulo, a iniciativa conta com materiais didáticos que apresentam não somente conceitos ligados à eletricidade, mas também formas de pensar o consumo consciente de energia no dia a dia.
A partir de atividades práticas, professores e estudantes exercitam a observação e a argumentação. Além disso, refletem sobre o impacto socioambiental da produção energética. Confira a metodologia do projeto!


0 comentários